História - O melhor do bairro de Itapuã, Salvador, BA

 


História de Itapuã

 

 

Itapuã não é, certamente, um bairro como outro qualquer... A coisa principia pelo nome de origem indígena atribuido ao local. Há mais de uma versão e nenhum consenso firmemente estabelecido. Segundo uma versão, Itapuã significa “pedra de ponta” ou “ponta de pedra” e não “pedra que ronca”, como muitos acreditam. (...) Seu batismo, de origem tupi, é formado pela aglutinação dos vocábulos indígenas ita e apuã [ts]. Historicamente, há notícias dele desde o século XVI, quando Gabriel Soares de Sousa registrou em Tratado Descritivo do Brasil, em 1587: “Esta ponta é a que na carta de mareas se chama Lençóis de Areia, por onde se conhece a entrada da Bahia”.


Os indígenas, primeiros habitantes do local, já o chamavam de Itapuã. Alguns relatos contam a chegada da fé católica numa terra dominada pelas práticas pagãs, como a lenda da aparição de São Francisco Argoin e a lenda da Pedra de São Tomé. Outros relatos falam que Itapuã era parte de uma enorme fazenda, cuja posse até hoje provoca discussões. O que se sabe com certeza é que as terras de Itapuã já foram chamadas por vários nomes, e eram arrendadas pela Irmandade de Nossa Senhora da Conceição até a década de 1950. Como é comum acontecer em Itapuã, a origem do bairro está relacionada às diferentes narrativas que se contradizem e se completam, e que algumas vezes fazem parte dos muitos mistérios associados ao lugar.
 

 

Outra versão muito difundida, apregoa que em Tupi Guarani, Itapuã quer dizer "pedra que ronca". Conta esta história que uma pedra roncava, na praia de Itapoã, sempre que a maré estava vazante e isso acabou dando origem ao nome ao bairro, um dos mais famosos de Salvador. No início da década de 50, Itapuã era apenas uma colônia de pescadores em uma região afastada do centro de Salvador. A praia passou a ser ponto de veraneio predileto dos soteropolitanos e hoje é um dos bairros mais populosos e populares da capital baiana. O pescador Nelson dos Santos, 54 anos, acompanhou toda essa mudança. "Eu sou filho do Rio Vermelho, mas já faz 40 anos que estou em Itapuã, lugar que escolhi para morar por causa do mar ser cheio de peixe, e pescar é minha vida, isso dá tranqüilidade. Hoje em dia está tudo diferente, mas daqui não saio nem morto, tem até cemitério aqui perto!", conta Pai Véio, como é conhecido.


 

Farol de Itapuã


 

 

 

Se nos dias atuais a tranqüilidade dos tempos passados já não existe mais, a urbanização não substituiu o encanto e o romantismo de Itapuã. "Aqui ainda é um pouco o bairro do interior, onde as pessoas se sentam na calçada para ver o fim de tarde e têm todo um jeito itapoanzeiro de ser", brinca Cícero Silva, morador do bairro, que o escolheu justamente por esse motivo para morar, há quase dez anos. Ainda vale e vai valer em qualquer tempo, seguir o conselho dado em 1969 na canção composta por Toquinho e Vinícius de Moraes: colocar um velho calção de banho e passar uma tarde ao sol que arde em Itapuã. E a labuta dos pescadores no mar ainda é espetáculo de manhã cedo e nos fins de tarde. A Colônia Z-6 tem 2.800 pescadores cadastrados, que tiram do mar o sustento para a família. Por tudo isso, embora o cenário que inspirou tantos poetas tenha mudado bastante, Itapuã continua o lugar perfeito para falar de amor. Ou, para quem está longe, lembrar saudoso como Dorival Caymmi, em Saudade de Itapuã "Coqueiro de Itapuã - coqueiro! Areia de Itapuã - areia! Morena de Itapuã - morena! Saudade de Itapuã - me deixa!".
Os distantes 21 quilômetros que separam Itapuã do centro de Salvador já não são mais percebidos depois da estrada de asfalto que liga toda a orla de Salvador. A paisagem composta de outras belas praias ajuda o passageiro a não sentir a viagem: Barra, Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, Chega Negro, Armação, Itapuã. Chegando lá, o visitante encontra uma boa infra-estrutura em hotéis e pousadas. Os moradores lotam as barracas de petiscos à beira-mar, muito movimentadas nos fins-de-semana. Localizada numa espécie de enseada de águas claras, Itapuã tem o mar calmo e areias enfeitadas por coqueiros. E tem coisas que só acontecem lá. Segunda- feira, por exemplo, é dia de reunir os times de futebol da vizinhança para aquele show de bola. O tradicional Baba da Ressaca reúne, logo na manhã seguinte ao agitado domingo, jogadores selecionados entre os moradores do bairro, sendo mais um ponto de encontro da comunidade do bairro. Os times se enfrentam na Associação dos ex-combatentes para curar a ressaca de domingo.



 

Pescadores

 

 

Lá também fica a Capela de São Francisco, uma das mais antigas construções da Bahia, erguida por ordem de Francisco Dias D"Ávila, Senhor da Torre, para abrigar a imagem de Santo Antônio Argoin. A Lavagem de Itapuã, a última do ciclo de festas populares da Bahia antes do Carnaval, é uma homenagem à Nossa Senhora da Conceição, padroeira do bairro. A praça mais famosa chama-se Dorival Caymmi, também nome de uma das principais avenidas. Um outro ponto famoso fica no Largo de Itapuã: a barraca de Cira, famosa baiana de acarajé, atrai muitos turistas, artistas, políticos e gente da terra. Itapuã é emoldurada ainda por belas praias, o Farol de listras vermelhas e a famosa Lagoa do Abaeté.
Dentre as várias lendas e histórias fantásticas que ajudam a contar a história do bairro, ainda lembradas nas prosas dos pescadores e moradores mais antigos, está uma que teria acontecido na década de 40. Dizem que cerca de 15 mil homens desembarcaram de navios ingleses, neste trecho do litoral baiano, para escapar da artilharia alemã. Quando passou o perigo, alguns marujos retornaram ao mar, mas cerca de 200 deles se recusaram a deixar o local. Afinal, estavam diante de um verdadeiro "paraíso perdido".