História - O melhor do bairro de inconfidencia-sebollas-paraiba-do-sul-rj, Paraíba do Sul, RJ

A HISTÓRIA DE SEBOLLAS

Garcia Rodrigues Paes abriu um remanso às margens do Rio Paraíba em 1681, de onde se deu origem a cidade de Paraíba do Sul. Após a morte de seu pai Fernão Dias falecido no mesmo ano, prometeu ao rei “o mais direito caminho que pode haver” entre as minas e o mar e assim abriu o Caminho Novo (Caminho do Garcia) entre 1698 e 1704, que ligava o Rio de Janeiro a Paraíba do Sul e até Barbacena onde se juntara ao caminho velho que vinha de São Paulo. O rei que havia prometido privilégios e terras se o fizesse, concedeu uma sesmaria de 40 km ao longo do caminho e mais 13 de largura, além de um alvará para sua fazenda Parahyba.Depois de aberto por Garcia Rodrigues Paes o caminho novo, Bernardo Soares de Proença construiu um mais curto (Caminho Do Proença) para ir-se das Minas Gerais à cidade do Rio de Janeiro, o qual começou a ser percorrido em data que não se pode precisar, tendo sido os trabalhos iniciados em 1722. Começava esse grande atalho no lugar encruzilhada do Lucas, hoje Santo António e ia até o porto da Estrela. Como essa variante tornou-se menos ruim, menos perigosa e mais curta, imediatamente começaram a percorrê-la as bestas de carga que iam pesadas, com produtos das Minas para voltarem com as mercadorias que eles não produziam. Aberta essa variante foram logo levantados de distância em distância os ranchos que serviam de pouso aos viajantes. A três boas léguas ao sul da passagem do Paraíba existia uma tosca e humilde capela, sem portas, com paredes laterais de cerca de taquara e coberta com sapê, construção grosseira a machado feita pelos abridores do atalho e que abrigava das desigualdades do tempo à imagem de San’tana, pois a esposa de São Joaquim era a santa de devoção do dono da roça onde se achava a rústica capela.

A primitiva capela parece ter sido erguida na sesmaria (terra obtida em 2 de maio de 1723) de Francisco Fagundes Do Amaral que contraiu núpcias com Águeda Gomes De Proença (irmã de Bernardo Soares Proença) nos lados do rio que levou o nome de Fagundes. Com isso, considera-se Francisco Fagundes do Amaral o fundador de Sebollas. Sua filha Ana Maria de Assunção Proença, veio a casar-se com Leandro Barbosa De Matos. Desse casal nasceu dentre outros, Ana Mariana Barbosa de Matos que viria a se casar com Francisco Gonçalves Teixeira (Formadores da Fazenda Sebollas). As zonas por onde passava essa variante construída por Bernardo Soares Proença depressa se povoaram, e nas margens do caminho foi-se formando inúmeras propriedades (Sítios e fazendas) que se chamaram Secretário, Fagundes, SEBOLAS, Pedro Moreira, Governo entre outras...

Sobre a primitiva capela de Sebollas, os proprietários mais influentes da região resolveram pedir ao bispo do Rio de Janeiro, licença para construírem uma nova, assim não precisariam mais ir até Secretário distante duas léguas, onde havia uma capela de Nossa Senhora da Lapa, particular da fazenda local. Iniciaram então os moradores locais à mesma devoção de Santana, e para sediar o curato criado construiriam uma capela no “Sítio Sebollas” com provisão de 1º de setembro de 1769 a requerimento de Caetano Borges da Costa, Francisco Gonçalves Teixeira, Domingos Costa e outros, que levantaram o primeiro esteio para a sua construção no dia 21 de fevereiro de 1770, e o último em 5 de março do ano seguinte, substituindo com essa nova obra a primitiva, reduzida a ruínas.

O sítio(depois Fazenda) Sebollas foi uma grande roça aberta por Francisco Gonçalves Teixeira e sua esposa Ana Mariana Barbosa De Matos. Trabalhadores incansáveis, dentro de pouco tempo transformaram suas terras em ótima propriedade, escolhendo para local da sede da fazenda um sítio defronte à capela de Santana, construindo ali engenhos, senzala, currais e prédio de sobrado, à margem da estrada real de Minas para o Rio de Janeiro.

Ana Mariana Barbosa de Matos foi uma mulher singular; educou seus filhos e ela mesma tratava os encaminhar. Era mulher revolucionária, fervorosa partidária das ideias liberais e, como tal, protegia tanto quanto possível o movimento que fez de Tiradentes um mártir. Por várias vezes hospedou Tiradentes em sua fazenda e era admiradora do credo que ele pregava, juntamente com seu irmão, o Padre Paulo Manuel Barbosa que foi cura em Santana de Sebollas por muitos anos. O padre Paulo também era um fazendeiro de figura conhecidíssima por ter exótica personalidade.

Um dos filhos do casal Ana Mariana Barbosa de Matos e Francisco Gonçalves Teixeira foi José Antônio Barbosa Teixeira mais tarde conhecido como Capitão Tiramorros, apelido que D. João VI o colocou pela sua bravura e habilidade em derrubar matas e abrir estradas em toda a região de Sebollas. Herdeiro da fazenda de Sebollas, fez ali o capitão grande cultura de cana de açúcar, instalando engenhos. Já era rico fazendeiro quando se casou com Mariana Jacinto de Macedo, viúva e sua vizinha (proprietária da Fazenda Mato Grosso) de grande extensão de terras. Nessa época o capitão ja havia sido promovido e era conhecido por coronel. Suas terras a partir de então estendiam-se por Sebollas, Bemposta e São José do Vale do Rio Preto e posteriormente até Anta. Mais tarde criou a Fazenda Bemposta para abrigar o então enteado Antônio Barroso Pereira, mais tarde primeiro Barão de Entre Rios.

Na fazenda de Sebollas se formou o tronco das grandes famílias Barbosa e Teixeira, que desde então foram se entrelaçando com as demais do caminho de Minas.

Outros grandes povoadores de Sebollas foram: o mestre de campo Bartolomeu Vahia, o capitão Luis Alves de Freitas Belo e sua mulher, Ana Quitéria Joaquina de Oliveira, avós maternos de Duque de Caxias, Nicolau Viegas de Proença entre outros.

Quando enforcado no Rio de Janeiro, os membros esquartejados de Tiradentes foram mandados para serem expostos ao longo do caminho de Minas para intimidar possíveis futuros conspiradores. Na primeira parada, uma parte destes membros (o quarto superior esquerdo) foi exposta num poste erguido em frente à capela de Santana em Sebollas, pois a freguesia era um lugar sempre citado pelo alferes e onde ele tinha algumas amizades. Passados vários dias, os filhos de Dona Ana juntamente com seu irmão o padre Paulo, tiraram o membro que já estava em decomposição avançada daquele poste e o sepultou dentro da capela sob o altar, no mais absoluto segredo.

Em 21 de novembro de 1831 foi fundada, obedecendo todos os requisitos do artigo 14 da lei de 18 de agosto do mesmo ano, a Guarda Nacional do Curato de Sebolas, com a instalação do conselho de qualificação para proceder ao alistamento dos cidadãos que a deveriam compor.

A freguesia incorporou três capelas filiais: a do senhor Bom Jesus do Matozinhos, reedificada em 1862 pelo conselheiro Martinho Campos; a capela de Santo Antônio do Rio manso ereta em 1872 por Joaquim Pinto de Lima; e a capela do mártir São Sebastião, na fazenda do Sertão do Calixto, construída em 1874 por Ana Joaquina da Conceição.

Com o desvio da estrada de Minas para o vale do Piabanha (1861) diminuiu o trânsito por Sebollas prejudicando a região, porém, o arraial não deixou de ser importante graças às enormes lavouras de café trabalhadas pelo braço escravo que ali existiam. Sebollas chegou a ter ótimo comércio, com bons armazéns e até joalheria. A decadência veio na derrocada da lavoura do café.

Diminuindo o movimento comercial, casas foram desocupadas e em pouco tempo começaram a virar ruínas. A partir daí surgiu um movimento para transferir a sede da freguesia para outro local. Estando também a capela de Santana em adiantado estado de abandono, empenharam-se os fregueses pela construção de nova matriz. Para esse fim, Miguel José Rodrigues Pereira e sua mulher fizeram doação ao Estado de um alqueire de terras, no lugar denominado rumo da laje (atual centro de Sebollas), à pequena distância da antiga capela. Ali se construiu a nova matriz (1858), à custa dos cofres estaduais, tendo sido cedidas à Câmara Municipal as terras em volta para arruamento. Assim nasceu a vila atual. As edificações antigas do antigo arraial de Sebollas foram aos poucos desaparecendo, existindo hoje pouquíssimos vestígios de ruínas daquela época.

O governo do estado pelo decreto 1-A, de 3 de junho de 1892, desmembrou do distrito de Sebollas grande parte, anexando-a ao município de Petrópolis, o que motivou grandes protestos, até na assembleia, de parte do povo sul paraibano. A lei nº 299, de 3 de dezembro de 1896, mudou o nome de Santana De Sebollas para Santana De Tiradentes em homenagem ao mártir da nossa independência.

Por efeito do decreto estadual nº 641, de 15 de dezembro de 1938, que fixou o quadro territorial em vigor no quinquênio 1939-1943, o distrito de Santana De Tiradentes do município de Paraíba do Sul teve seu topônimo alterado para Inconfidência.

O decreto-lei estadual nº 1063, de 18 de janeiro de 1944, ordenou o distrito de inconfidência como o 3º do município de Paraíba do Sul.

Em 1971 a prefeitura de Paraíba do Sul iniciou as escavações pelos restos de Tiradentes no antigo cemitério e no local onde ficaria o altar da antiga capela (baseada principalmente nos registros do livro de Tombo da Matriz de Santana). Após serem encontrados estes e outras peças da época, que em 21 de abril de 1972 quando se comemorava o sesquicentenário de morte do Alferes o então prefeito de Paraíba do Sul, Senhor Nelson Espíndola de Aguiar inaugurou em Sebollas O Conjunto Histórico Tiradentes, que dentre outros abriga o único Museu Sacro-Histórico contendo restos mortais atribuídos ao Mártir da Independência, além de peças e vestimentas daquele período.

As famílias atuais que habitam a região de Sebollas são originárias dos grandes patriarcas que ali se criaram no último século. Dentre as principais famílias existentes hoje na região destacam-se: Magdalena, Motta, Almeida, Alonso, Laranja, Tavares, Silva, Sousa, Caiaffa, Garcia, Reis, Costa, Raibolt, Cortasio, Pontes, Pifanio, Argon, Bento, dentre outros.

Sua população atual é de aproximadamente 1500 (mil e quinhentos) habitantes na sede e cerca de 3000 (Três mil) em todo o 3º distrito, que vivem basicamente da prestação de serviços, lavouras, serviços públicos e outros. Seu comercio está em expansão e hoje já conta com vários segmentos para atender as necessidades de seu povo e visitantes.

A comunidade de Inconfidência (Sebollas) atualmente é a sede do 3º distrito do município de Paraíba do Sul e abrange as comunidades de Sardoal , Rio Manso, Membeca , Sertão do Calixto , Retiro de Sebollas, Rio Acima e Matozinhos(que oficialmente fica no 4º distrito, - Werneck, porém pertence a paróquia Sant'ana de Inconfidência). Sebollas ainda possui alguns lugarejos ou passagens que denominados: Passatempo, Água Fria, Mato Grosso, Saudade, Barra do Fagundes e outros.

Atualmente o lugar vive um grande momento de desenvolvimento, com o surgimento de loteamentos e condomínios que estão impulsionando cada vez mais o crescimento da região. O comércio está em franca expansão acompanhando a demanda dos turistas e visitantes que a cada dia chegam para passar bons momentos aqui.

 

Pesquisa e texto: Carlos Eduardo Magdalena Pereira com a colaboração do historiador sul paraibano Luiz Carlos Tavares Coelho

Bibliografia: SILVA, Pedro Gomes da - Capítulos da História de Paraíba do Sul - P. do Sul 1991

 

COELHO, Luis CarlosTavares - Tiradentes em Paraíba (opúsculo), Paraíba do Sul, 1972

 

Colaboração:

http://www.sebollas.com.br/hist-ria-